Cajucultura na Costa do Marfim

 

O cajueiro foi inicialmente introduzido na Costa do Marfim (na região de Bondoukou) para fins de reflorestamento. A população local logo percebeu que o seu cultivo era muito menos exigente do que o do cacau; as plantas exigiam pouca manutenção e que a castanha podia ser vendida a um preço mais atrativo que o cacau ou o algodão, cujos preços estavam caindo.

O desenvolvimento inicial da cultura do caju foi totalmente espontâneo e livre, impulsionado apenas pela oferta e demanda. A Índia tinha escassez de matérias-primas e os compradores vieram para a África na década de 1980 e começaram a comprar castanha. Inicialmente, não houve apoio do governo da Costa do Marfim ou de ONGs. Esse apoio veio depois, quando as árvores foram plantadas. E a indústria do caju permitiu que os produtores do norte, cuja única cultura de rendimento era o algodão, diversificassem sua produção, o que teve um grande impacto social.

Em três décadas, a castanha de caju tornou-se a nova estrela da Costa do Marfim e seu sucesso continua. A produção cresceu expressivamente, com previsão de 1 milhão de toneladas na safra 2021, de acordo com os números mais recentes do Conselho do Algodão e do Caju. O setor atualmente garante a subsistência para mais de 410.000 famílias na Costa do Marfim, e disputa o posto de maior produtor mundial com a Índia, e à frente do Vietnã. Também está a caminho de se tornar o terceiro maior processador de castanha de caju do mundo, posição atualmente ocupada pelo Brasil. Existem atualmente cerca de quinze plantas de processamento em construção, que se somarão às cerca de 15 existentes. Há cinco anos havia apenas três fábricas. Em 2016, a Costa do Marfim processou cerca de 10.000 toneladas de castanha de caju in natura; agora está se aproximando de 100.000 toneladas.

Para aproveitar ao máximo o boom do caju, a Costa do Marfim decidiu atingir uma taxa de processamento doméstico de 40%. Nos últimos anos os investimentos têm aumentado e os centros de processamento surgiram em Bondoukou, Korhogo, Bouaké, Yamoussoukro e Abidjan. Esses investidores incluem a Olam de Cingapura (líder de mercado), a SG Agro da China, a Ivoirienne de Noix de Cajou do Canadá (INCajou), a Ciwa da França, a DekelOil de Israel e a Novarea and Ivory Cashew Nut (ICN) da Costa do Marfim.

A Costa do Marfim é atualmente o único país a iniciar uma política de apoio à indústria do caju, fixando preços para os produtores, tributando as exportações de matérias-primas e facilitando a construção de fábricas. Outros países africanos como Burkina Faso, Benin e Gana estão analisando o que está acontecendo e começando a seguir o exemplo.

 

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