Sempre que ouço comentários ou leio artigos afirmando que as variedades de cajueiro anão desenvolvidas pelas instituições públicas brasileiras de ensino e pesquisa “estão hoje largamente difundidas nos países africanos e asiáticos“, imediatamente me vem à cabeça uma velha e célebre frase: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade“.
Tais afirmações (não são de hoje) buscam, de forma velada, atribuir o sucesso da cajucultura nas referidas regiões ao cultivo das variedades de cajueiro made in Brazil. Causa espécie que pessoas com pouca intimidade com a cajucultura (nacional e mundial) e que jamais colocaram os pés num país africano ou asiático que cultiva o cajueiro façam tais afirmações e continuem disseminando essa falácia com a mais absoluta convicção.
Apenas a título de informação, não apenas a Ásia (Índia, Vietnã e Camboja) como a África (Tanzânia, por exemplo) possuem programas de melhoramento genético e desenvolvem as suas próprias variedades. A Índia, por exemplo, já desenvolveu 55 variedades de cajueiro, das quais 42 são recomendadas para as oito principais regiões produtoras de caju do país. A Tanzânia, por sua vez, já contabiliza 54 variedades.
Diferentemente do Brasil, a prioridade absoluta dos cajucultores asiáticos e africanos está exclusivamente na exploração da castanha. Daí o pouco interesse pelas variedades brasileiras. Enfim, esta é a verdade dos fatos.
Mais do que nunca, vale checar as informações antes de propagar falsas verdades. Particularmente, mantenho a preferência por esta outra frase: “Uma mentira, repetida centenas de vezes, torna-se verdade apenas na cabeça de quem a criou”!